quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O povo não entende partido, mas entende candidatos

Candidaturas próprias não por princípio, mas a princípio
Partidos políticos sempre foram distantes dos brasileiros. O problema disso é a desvalorização da democracia como algo vivo, um movimento social permanente.

Herdamos uma estrutura eleitoral feita para coronéis do sertão manipularem as regras do jogo e sempre ganharem. E mesmo assim, volta e meia precisavam dar um golpe de estado para fazer a República trabalhar pelos seus interesses.

A constituinte de 1988 não trouxe novidades, além do segundo turno. Apenas constitucionalizou a transição lenta e gradual para a democracia, inclusa no cronograma da ditadura instaurada em 1964. A constituinte tinha saudade da democracia da época que Getúlio Vargas. Era a referência que tínhamos.

A novidade era o Partido dos Trabalhares, fundado em 1980, vindo de um legítimo movimento social. O PT serviu de instrumento para os movimentos sindical, estudantil, de bairros, para as mais diversas minorias. Agregou juventude, velhos militantes, movimentos eclesiais de base, que questionavam a tudo, e todos. Em 1989, a primeira eleição presidencial depois de Jânio Quadros, foi um susto. Aquele partido recém-nascido, sem eira nem beira, foi para o segundo turno das eleições.

O susto virou perspectiva real de poder, concretizado com a reeleição de Lula, e cristalizado na eleição de Dilma Roussef o ano passado.

Durante este período percebeu-se que o nosso modelo eleitoral precisava ser repensado. Mas como que poderia mudar as regras do jogo, os deputados e senadores, são beneficiados por estas mesmas regras, a reforma política sempre é adiada.

O Supremo Tribunal Eleitoral, apesar de ser um terço da República não sujeito às eleições, tem avançado na tentativa de moralizar o jogo, dentro das regras atuais. O que é ótimo. Mas, por mais moralidade dentro destas regras, os brasileiros vão continuar distantes dos partidos, o que é um anacronismo com a democracia.

A distância dos brasileiros dos partidos políticos não quer dizer despolitização. Apenas reconhecem que as estruturas partidárias são herméticas. Mas todos querem saber o quanto antes, quem será o candidato. Seja para estudar melhor seu passado ou por reconhecer nele o porta-voz das propostas de um grupo político. Uma candidatura deixa mais claro as ideias de um partido. E faz sentido. Partidos políticos são instrumentos de disputa de poder. Partidos precisam ter candidatos a princípio. E não por princípio. Esta vontade popular precisa ser apropriada pelos partidos. Isso é uma reforma política no espírito democrático, para além da lei. O povo entende que às vezes tem que se juntar para uma empreita grande, mas dá valor para quem primeiro se disponibiliza.

Em 2012 teremos eleições para eleger mais de 5 mil prefeitos. E as regras serão as mesmas que as atuais. Todos os partidos deveriam apresentar candidatos na primeira data de convenção partidária, mesmo que façam outra convenção para negociar coligações, até mesmo no último dia previsto por lei. Mas aí seriam acordos com caras nomes e propostas.

Este seria o melhor uso da atual lei eleitoral. Veja como fica interessante o quadro em Curitiba, se os principais partidos tivessem como seus interlocutores seus possíveis candidatos:

                * PSB – Lucano Ducci
                * PSDB – Gustavo Fruet
                * PT – Dr. Rosinha
                * PSC – Ratinho Junior
                * PMDB – Rodrigo Rocha Loures

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