terça-feira, 12 de maio de 2009

Hardware e software livres

Nunca vi explicação melhor sobre a definição de software e hardware do que a piadinha de nerds, hackers e crackers, ou gente que não resiste uma piada como eu: Software você xinga, hardware você chuta. Até porque as duas coisas sempre podem dar problemas.

Outra coisa que aprendi em informática, cada elemento acrescentado traz problemas em escala exponencial e não aritmética. Ou seja: se algo não funcionar no seu computador, você xinga o software (proprietário ou livre), chuta hardware, para desopilar o fígado. Liga e desliga para ver se o software e o hardware se entendem de novo. Se não funcionar, será uma longa lista de testes e raciocínio lógico, inspiração para resolver o problema.

Durante muito tempo, um dos problemas do Linux é que não havia drives – softwares que ligam uma impressora, monitor, mouse etc, ao sistema operacional (Linux). Muita coisa não funcionava no Linux por falta destes pequenos programinhas.

O mundo Microsoft com o monopólio forçava ao fabricante de hardware disponibilizar drives para aquele sistema operacional para poder comercializar o equipamento. Em 2003, quando começamos a implementar a política de software livre no Governo do Paraná a falta de drive para Linux era um problema generalizado.

Em menos de 6 anos, se um equipamento é lançado sem drive para Linux a comunidade de desenvolvedores dá a respostas em menos de 6 meses para a maioria dos casos. Isso sem contar que parte da indústria já considera mercadologicamente importante lançar o equipamento já com drive para Linux.

O governo do Estado do Paraná, por exemplo, dá preferência a compra de equipamentos que tenham drives para Linux, evitando que a compra de um equipamento esteja vinculada à compra de um sistema operacional ou aplicativo. Evita assim a venda casada, onde o consumidor tenha que levar para casa um terceiro no guarda roupa, o Ricardão dentro da caixinha da Microsoft. Não precisa explicar quem leva na cabeça com a venda casada.

O software livre, feito através de compartilhamento de interesses comuns, é uma realidade que criou o Linux, OpenOffice, Expresso, Banco de Dados PostGre, gerenciador de servidores Apache, inkscape, gimp, scribus...

Mas, tudo isso é linha de código. Não tem uma base material. Software é um produto que pode circular o mundo via internet. Internet é ainda muito precária, não é capaz de entregar um bolo via seu navegador, nem por e-mail. Então, que história é esta de hardware livre?

Bom, se não pode ser entregue o bolo, a internet está cheia de receitas. Existe, por exemplo, uma placa para telefonia sobre IP que tem o seu desenho livre. Está na internet, e qualquer um pode copiar e mandar industrializar sem ter que pagar nada para os autores da placa. Pode comercializar e ganhar dinheiro com a venda dos componentes, não pelo direito autoral que é livre.

E aí você fica pensando: porque diabos alguém teria o esforço de criar um hardware para adaptar o computador para equipamento de telefonia, e depois disponibilizaria uma tecnologia de graça na internet? Veja sua conta de telefone que você entende. Hoje temos placa de voz sobre IP acoplada à “placa (filha da) mãe”.

Este é o caráter revolucionário do software e hardware livres, e ao mesmo tempo apoiado na livre iniciativa. Muitas vezes você depende de alguma tecnologia, mas isso não é do seu ramo de atividade. Tecnologia pode custar caro, ou tornar você refém, não lhe dá autonomia. Você pode fazer, ou contratar alguém para criar seu atalho tecnológico.

Resolve seu problema, compartilha para aumentar o suporte e a base instalada, e isso vai incomodar o mercado. Em breve as empresas de informática, seja daquilo que a gente chuta, seja daquilo que a gente xinga, correm atrás, baixam os preços, melhoram o que já existe. E o mundo gira e a lusitana roda.

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